As imagens das inundações que transformaram o Rio Grande do Sul nos últimos dias invadiram nossas telas, lares e mentes. Como terapeuta e fotógrafa com experiência na cobertura da construção de hidrelétricas na Amazônia como Jirau e Santo Antônio em Rondônia, Guerra do gás na fronteira com a Bolívia, conflitos na terra indígena Raposa Serra do Sol em Roraima, desmatamento no norte do Mato Grosso, etc. Vivencio a força e o impacto dessas imagens de forma complexa e com muito movimento aqui dentro.
Pra mim existem diversas camadas de significado que essas imagens carregam, tecendo uma reflexão interdisciplinar sobre sua relação com a tragédia, a revolta, a solidariedade e a mudança de paradigma em nossa sociedade. Pra mim, é uma experiência quase existencial, onde a linha entre o observador e o observado se dissolve, pouco a pouco, deixando apenas uma conexão visceral de dor e sofrimento.
A fotografia exerce esse papel, mas o que vemos é um recorte do que está se passando, assim como somos expostos a imagens de guerras, e tragédias humanas explícitas, é fundamental a pergunta: o que estamos de fato VENDO quando tais imagens nos invadem? O que essa imagem está me dizendo sobre como me vejo e sobre a situação em si? Como me relaciono com o que vejo e mais, o que eu faço com isso?
O Poder das Imagens em Tempos de Tragédia
A fotografia, possui um poder inegável de capturar a realidade. As imagens se tornaram testemunhas da desolação, do descaso e da perda. Elas nos confrontam com a fragilidade da vida humana e com a força implacável da natureza.
Ao mesmo tempo, essas imagens também podem despertar na gente sentimentos de revolta e indignação. Como podemos permitir que tais desastres continuem acontecendo? Onde está a responsabilidade das autoridades? Como podemos garantir que as vítimas recebam o apoio necessário? Essas são apenas algumas das perguntas que surgem diante da brutalidade das imagens e que não vão parar de aparecer.
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Não se limitam a provocar revolta. Elas também despertam na gente, a compaixão, a empatia e o desejo de ajudar. A dor e o sofrimento das vítimas nos tocam e nos fazem querer fazer algo para aliviar a sua situação.
A Fotografia como Ferramenta de Mudança
Essas imagens também podem ser vistas como um chamado à MUDANÇA. Elas nos convidam a repensar nossa relação com o meio ambiente, com quem somos enquanto indivíduo e enquanto comunidade, a questionar os modelos de desenvolvimento insustentáveis e a buscar soluções mais justas e equitativas. A fotografia, nesse contexto, se torna uma ferramenta poderosa para a construção de um novo paradigma, onde a preservação do meio ambiente e o bem estar das pessoas estejam no centro das nossas tomadas de decisão diárias.
A fotografia, tem um papel fundamental nesse processo, servindo como ferramenta para a reflexão crítica, a mobilização da solidariedade e a construção coletiva de uma mentalidade calcada no agir.
Diante das imagens de sofrimento, somos convidados a questionar as posições que assumimos, tanto individualmente quanto em conjunto. As impressões que tais eventos provocam na gente servem como um espelho, revelando nossas reações mais profundas.
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